Caminhos de espiritualidade: cultura de paz, não-violência, mística, autoconhecimento, compaixão e cuidado pelos seres e pela terra

16 de mar. de 2009

Bem sei eu da fonte


Aquela eterna fonte escondida,
mas eu bem sei onde ela tem guarida
mesmo de noite.
Da minha vida, nesta noite escura,
mostra-me a fé, a fria fonte pura,
mesmo de noite.
Sua origem não sei, pois não a tem,
mas sei que toda origem dela vem,
mesmo de noite.
Sei que não pode haver coisa mais bela,
e terra e céus se dessedentam nela,
mesmo de noite.
Sei que ela não tem leito a assoalhá-la,
por isso ninguém pode vadeá-la,
mesmo de noite.
A sua claridade jamais finda,
e sei que toda luz dela é provinda,
mesmo de noite.
Que impetuosas são suas correntes!
Regando vão infernos, céus e gentes,
mesmo de noite.
E dessa fonte nasce uma corrente
que, bem sei, vigorosa e onipotente,
mesmo de noite.
Essa corrente, sei, de duas procede,
e ambas não têm nenhuma que as precede,
mesmo de noite.
Aquela viva fonte está escondida
em um Pão vivo para dar-nos vida,
mesmo de noite.
É dali que ela chama as criaturas
que, desta água, se fartam às escuras,
mesmo de noite.
Aquela viva fonte que desejo
é neste Pão sagrado que eu a vejo,
mesmo de noite.
(São João da Cruz, in: Poesia para meditação - Ed. Paulinas)

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