Caminhos de espiritualidade: cultura de paz, não-violência, mística, autoconhecimento, compaixão e cuidado pelos seres e pela terra

28 de fev. de 2009

Caminhos de Bem-Aventurança


“O ser humano-corpo-alma tem singularidade: pode sentir-se parte do universo e com ele conectado; pode entender-se como filho e filha da Terra, um ser de interrogações derradeiras, de responsabilidade por seus atos e pelo futuro comum com a Terra. Ele não pode furtar-se a perguntas que lhe surgem ineludivelmente: Quem sou eu? Qual é o meu lugar dentro desta miríade de seres? O que significa ser jogado nesse minúsculo planeta Terra? Donde provém o inteiro universo? Quem se esconde atrás do curso das estrelas? O que podemos esperar além da vida e da morte? Porque choramos a morte dos nossos parentes e amigos e a sentimos como um drama sem retorno?Ora, levantar semelhantes interrogações é próprio de um ser portador de espírito. Espírito é aquele momento do ser humano corpo-alma em que ele escuta estas interrogações e procura dar-lhes uma resposta. Não importa qual seja: se através de estórias mitológicas, de desenhos nas paredes das cavernas como em Cromagnon na França e nas grutas de S. Raimundo Nonato no Piauí, Brasil, ou se através de sofisticadas filosofias, ritos religiosos e conhecimentos das ciências empíricas. O ser humano como um ser falante e interrogante é um ser espiritual.Cuidar do espírito significa cuidar dos valores que dão rumo à nossa vida e das significações que geram esperança para além de nossa morte. Cuidar do espírito implica colocar os compromissos éticos acima dos interesses pessoais ou coletivos. Cuidar do espírito demanda alimentar a brasa interior da contemplação e da oração para que nunca se apague. Significa especialmente cuidar da espiritualidade experienciando Deus em tudo e permitindo seu permanente renascer no coração. Então poderemos preparar-nos, com serenidade e jovialidade, para a derradeira travessia e para o grande encontro.”

Trecho extraído do livro: “Saber Cuidar: ética do humano – compaixão pela terra, de Leonardo Boff - Ed. Vozes”.

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