Caminhos de espiritualidade: cultura de paz, não-violência, mística, autoconhecimento, compaixão e cuidado pelos seres e pela terra

17 de mar. de 2009

Redescobrir


Composição: Gonzaguinha

Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos, macias
O suor dos corpos na canção da vida, história
O suor da vida no calor de irmãos, magia

Como um animal que sabe da floresta, perigosa
Redescobrir o sal que está na própria pele, macia
Redescobrir o doce no lamber das línguas, macias
Redescobrir o gosto e o sabor da festa, magia
Vai o bicho homem fruto da semente, memória

Renascer da própria força, própria luz e fé, memória
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós, história
Somos a semente, ato, mente e voz, magia
Não tenha medo, meu menino povo, memória
Tudo principia na própria pessoa, beleza

Vai como a criança que não teme o tempo, mistério
Amor se fazer é tão prazer que é como se fosse dor, magia
Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos, macias
O suor dos corpos na canção da vida, história

16 de mar. de 2009

Bem sei eu da fonte


Aquela eterna fonte escondida,
mas eu bem sei onde ela tem guarida
mesmo de noite.
Da minha vida, nesta noite escura,
mostra-me a fé, a fria fonte pura,
mesmo de noite.
Sua origem não sei, pois não a tem,
mas sei que toda origem dela vem,
mesmo de noite.
Sei que não pode haver coisa mais bela,
e terra e céus se dessedentam nela,
mesmo de noite.
Sei que ela não tem leito a assoalhá-la,
por isso ninguém pode vadeá-la,
mesmo de noite.
A sua claridade jamais finda,
e sei que toda luz dela é provinda,
mesmo de noite.
Que impetuosas são suas correntes!
Regando vão infernos, céus e gentes,
mesmo de noite.
E dessa fonte nasce uma corrente
que, bem sei, vigorosa e onipotente,
mesmo de noite.
Essa corrente, sei, de duas procede,
e ambas não têm nenhuma que as precede,
mesmo de noite.
Aquela viva fonte está escondida
em um Pão vivo para dar-nos vida,
mesmo de noite.
É dali que ela chama as criaturas
que, desta água, se fartam às escuras,
mesmo de noite.
Aquela viva fonte que desejo
é neste Pão sagrado que eu a vejo,
mesmo de noite.
(São João da Cruz, in: Poesia para meditação - Ed. Paulinas)

12 de mar. de 2009

Vem, Senhor


Não sorrias,
dizendo
que já estás conosco.
Há milhões que não Te conhecem.
E de que basta conhecer-Te,
de que adianta Tua vinda,
se para os Teus
a vida continua igual!?...
Converte-nos!
Revolve-nos!
Que a Tua mensagem
se torne carne de nossa carne,
sangue de nosso sangue,
razão de ser de nossa vida.
Que ela nos arranque
do comodismo
da boa consciência!
Seja exigente,
incômoda,
pois só assim
nos trará a paz profunda,
a paz diferente,
a Tua paz!...

(Dom Helder Câmara, in. O Deserto é fértil, Ed. Civilização Brasileira, p. 26)

10 de mar. de 2009

O Conhecimento de si mesmo

"O homem tem muitas peles em si mesmo, que lhe cobrem as profundezas do coração. O homem conhece tantas coisas, mas não conhece a si mesmo. Ora, trinta ou quarenta peles ou couros, inteiramente semelhantes aos de um boi ou de um urso, igualmente grossos e duros, recobrem a alma. Penetre no seu próprio fundamento e aprenda ali a conhecer-se."
(Mestre Eckhart, in: A filosofia Perene, de Aldous Huxley)
Pintura "Mistério e melancolia de uma rua", de Giorgio de Chirico.

9 de mar. de 2009

Sabedoria e Compaixão de Dalai Lama


"Que eu me torne em todos os momentos, agora e sempre, um protetor para os desprotegidos, um guia para os que perderam o rumo, um navio para os que têm oceanos a cruzar, uma ponte para os que têm rios para atravessar, um santuário para os que estão em perigo, uma lâmpada para os que não têm luz, um refúgio para os que não têm abrigo e um servidor para todos os necessitados."

(Dalai-Lama)

6 de mar. de 2009

Viaja dentro de ti


"Pudesse a árvore vagar
e mover-se com pés e asas,
não sofreria os golpes do machado
nem a dor de ser cortada.

Não errasse o sol por toda a noite,
como poderia ser o mundo iluminado
a cada nova manhã?

E se a água do mar não subisse ao céu,
como cresceriam as plantas
regadas pela chuva e pelos rios?

A gota que deixou seu lar, o oceano,
e a ele depois retornou,
encontrou a ostra à sua espera
e nela se fez pérola.

Não deixou José seu pai
em lágrimas, pesar e desespero,
ao partir em viagem para alcançar
o reinado e a fortuna?

Não viajou o Profeta
para a distante Medina
onde encontrou novo reino
e centenas de povos para governar?

Faltam-te pés para viajar?
Viaja dentro de ti mesmo,
e reflete, como a mina de rubis,
os raios de sol fora de ti.

A viagem te conduzirá a teu ser,
transmutará teu pó em ouro puro.

Ainda que a água salgada
faça nascer mil espécies de frutos,
abandona todo amargor e acridez
e guia-te apenas pela doçura.

É o Sol de Tabriz que opera milagres:
toda árvore ganha beleza
quando tocada pelo sol.


(Djalal Ud-Din-Rumi, poema do livro Poemas Místicos)

2 de mar. de 2009

Silêncio

"De manhã, passamos uma hora em silêncio. Quando trabalhamos, não falamos, a menos que seja necessário. Onde quer que vá, irá perceber o silêncio em nossas atividades.
Pois é no silêncio do coração que Deus fala."


(Madre Teresa, em conversa com Navin Chawla, 26 de março de 1996, Calcutá - trecho extraído do livro Fé e Compaixão - a vida e o trabalho de Madre Teresa, de Navin Chawla e Raghu Rai - Editora C. Roka)